Antes de tudo, o silêncio.
Antes de qualquer personagem existir, houve silêncio.
Não um silêncio calmo ou confortável, mas aquele que ocupa espaço. Aquele que cresce quando algo deveria ser dito, mas não é. Quando sentimentos são engolidos, quando perguntas ficam sem resposta, quando existir parece exigir menos barulho do que gostaríamos de fazer.
Quatro Formas de Existir nasceu desse lugar.
Meu nome não importa tanto quanto aquilo que me trouxe até aqui. Sou alguém que observou mais do que falou. Que aprendeu cedo que o silêncio pode ser tanto uma prisão quanto um abrigo. Durante muito tempo, achei que todo mundo vivia assim — sentindo demais, dizendo de menos. Só depois percebi que cada pessoa encontra seu próprio jeito de existir dentro (ou apesar) do silêncio.
Este livro não é autobiográfico. Mas ele é pessoal.
Cada personagem carrega fragmentos de momentos reais. Não eventos exatos, não datas, não rostos específicos — mas sensações. Aquela pressão no peito antes de falar. A vontade de desaparecer por alguns segundos. O medo de ser visto. Ou, ao contrário, o medo de nunca ser.
As backstories que você vai ler aqui são construídas a partir de duas forças opostas:
o silêncio por obrigação e o silêncio por escolha.
Alguns personagens foram silenciados pelo mundo.
Outros aprenderam a se calar para sobreviver.
E há aqueles que escolheram o silêncio como forma de resistência, delicadeza ou proteção.
Nenhuma dessas formas é melhor ou pior. Elas apenas existem.
O livro Apresenta novos recomeços, conflitos e diz qual a melhor maneira de se reinventar. Se é com as pessoa que você mais ama, ou sozinho, isolado do resto do mundo.
Ao longo das páginas, você vai conhecer outras formas de existir. Mais barulhentas. Mais confusas. Mais doces. Mais intensas. Mais fechadas. Todas reais (e rebeldes) à sua maneira. Nenhuma completa sozinha.
Este livro não foi escrito para dar respostas prontas. Ele não explica tudo, não fecha todas as feridas, não organiza o caos. Ele apenas acompanha. Caminha ao lado. Observa os detalhes pequenos demais para serem notados em histórias grandiosas.
Aqui, o cotidiano importa. Um olhar sustentado por tempo demais. Um gesto simples. Um objeto amado. Um silêncio compartilhado.
Se você já se sentiu pequeno demais para o mundo, sensível demais, quieto demais, estranho demais — talvez encontre algo seu nessas páginas.
E se não encontrar, tudo bem. Às vezes, o livro não é um espelho. É só uma janela.
Quatro Formas de Existir é sobre pessoas tentando existir do jeito que conseguem. Mesmo errando. Mesmo em silêncio. Mesmo sem saber exatamente como.
E talvez, no meio disso tudo, descobrindo que existir — de qualquer forma — já é suficiente.
— C. Avelin (boa leitura ;P)